A busca por otimização de custos e flexibilidade tem levado muitas empresas a adotarem novos tipos de profissionais. Dentro disso, muitos negócios estão preferindo admitir prestadores de serviços como Pessoa Jurídica (PJ) no lugar do tradicional regime CLT (Consolidação das Leis do Trabalho).

O modelo PJ costuma atrair empresários por vários motivos, como trazer flexibilidade na gestão de equipe, possibilitar a contratação de especialistas para demandas específicas e agilizar o processo de admissão.

No entanto, a aparente simplicidade da contratação de uma Pessoa Jurídica esconde armadilhas que podem gerar sérios riscos trabalhistas. A linha tênue entre a prestação de serviços e o vínculo empregatício pode se tornar um campo minado para empresas que não adotam medidas preventivas adequadas.

Continue lendo este guia para entender como funciona a contratação de Pessoa Jurídica, quais são os principais riscos envolvidos e quais medidas podem ser adotadas para garantir uma relação segura e proteger seu negócio dentro da legalidade.

O que é o tipo de contratação PJ?

Para entender melhor, uma Pessoa Jurídica é aquele profissional que presta serviços para companhias através de um CNPJ (Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica), e não como um funcionário com carteira assinada. Ou seja: é como se fosse uma empresa atuando.

Na prática, isso significa que o profissional emite notas fiscais pelos serviços realizados e não tem direitos trabalhistas que estariam previstos na contratação CLT. Apesar disso, é importante ressaltar que a prestação de serviços por um contrato PJ é juridicamente válida e encontra respaldo na legislação.

No Brasil, existem diferentes tipos de PJ voltados para prestadores de serviços, cada um com características específicas.

O Microempreendedor Individual (MEI) é uma das modalidades mais populares, ideal para quem tem faturamento anual de até R$ 81 mil e amplamente utilizado por prestadores de serviços autônomos.

Para negócios um pouco maiores, existe a categoria de Microempresa (ME), que atende a pequenos empreendedores com faturamento anual de até R$ 360 mil.

Outra opção é o Empresário Individual (EI), destinado a profissionais que atuam por conta própria, sem sócios, e cujo faturamento pode variar de acordo com o porte da empresa.

Quais são os benefícios de contratar PJ?

A contratação de prestadores de serviço como Pessoa Jurídica oferece uma série de benefícios para as empresas, sendo a flexibilidade um dos principais.

Diferente de um funcionário CLT, o PJ pode ser contratado para projetos específicos ou demandas pontuais, permitindo que a empresa ajuste sua força de trabalho conforme as necessidades do momento, sem a rigidez de um contrato de longo prazo.

Isso porque o processo de admissão e demissão de um profissional é muito mais fácil dentro da modalidade Pessoa Jurídica.

Outro ponto positivo é a possibilidade de negociar prazos, valores e formas de pagamento diretamente com o profissional.

Quais são os pontos negativos de contratar PJ?

Apesar dos benefícios da contratação de profissionais como Pessoa Jurídica, é importante que as empresas entendam que essa modalidade precisa ser trabalhada com cuidado para não ferir a legislação e ser enquadrada em fraude trabalhista.

Um dos principais perigos é o reconhecimento de vínculo empregatício pela Justiça do Trabalho, que pode ocorrer se for comprovado que o profissional atuava de forma semelhante a um empregado CLT.

Vale lembrar que a distinção entre prestação de serviços autônoma e vínculo empregatício reside na presença de quatro elementos: pessoalidade, subordinação, habitualidade e onerosidade.

Pessoalidade refere-se à execução do trabalho exclusivamente pelo profissional contratado; subordinação, à obediência a ordens da chefia; habitualidade, à constância na prestação dos serviços; e onerosidade, ao recebimento de remuneração.

Em caso de reconhecimento destas categorias, o negócio pode ser obrigado a arcar com o pagamento de direitos trabalhistas retroativos, como férias, 13º salário, FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) e multas, além de enfrentar processos judiciais que geram custos e danos à reputação da companhia.

Por isso, é essencial que as empresas entendam as regras e diferenças da contratação PJ e adotem práticas que garantam a distinção clara entre uma relação de prestação de serviços e um vínculo empregatício.

O que é vínculo empregatício?

Conforme abordado anteriormente, a existência de vínculo empregatício é caracterizada por quatro fatores essenciais: pessoalidade, onerosidade, habitualidade e subordinação.

Mas, quando falamos em reconhecimento do vínculo empregatício de um profissional PJ, o fator mais determinante é a subordinação, que ocorre quando o profissional deve seguir ordens, normas e diretrizes da empresa, estando sob sua supervisão e controle direto.

Com isso, o prestador de serviços pode acabar entrando com uma ação trabalhista, questionando a legalidade da contratação PJ. Nesse caso, cabe à empresa comprovar que não houve irregularidade na relação de trabalho.

Se a Justiça do Trabalho identificar que a contratação foi utilizada para ocultar um vínculo empregatício, a empresa poderá ser obrigada a regularizar a situação do profissional, incluindo o pagamento dos benefícios citados ao longo deste guia.

Vale lembrar que evidências como testemunhos e documentos que comprovem a existência de subordinação podem ser utilizadas em processos judiciais.

Como proteger minha empresa?

Para evitar riscos jurídicos na contratação de profissionais como Pessoa Jurídica, as empresas podem adotar medidas preventivas que garantam a segurança da relação.

Uma delas é na hora da contratação: é preciso elaborar um contrato de prestação de serviços bem estruturado, que defina de forma clara e detalhada a relação comercial entre o profissional e a companhia e as atividades a serem desempenhadas pelo prestador de serviços.

Outro ponto importante é entender que a Pessoa Jurídica precisa ter autonomia para decidir seus horários e como executará as tarefas, sem exigência de horários ou exclusividade. É indispensável permitir que o PJ atenda a outros clientes, reforçando, assim, seu caráter autônomo e independente.

Além disso, é importante não oferecer benefícios diretamente ao profissional Pessoa Jurídica: itens como plano de saúde, vale-transporte ou participação nos lucros são incompatíveis com a relação PJ.

Contar com o suporte de uma consultoria trabalhista empresarial pode ser uma estratégia valiosa para garantir que todas as práticas estejam conforme a legislação, minimizando os riscos de reconhecimento de vínculo empregatício.

Recapitulando…

Diante dos desafios e oportunidades que a contratação de Pessoa Jurídica oferece, é essencial que as empresas adotem uma abordagem estratégica e bem fundamentada para evitar riscos trabalhistas.

A crescente adesão a esse modelo de trabalho reflete a necessidade de maior flexibilidade e redução de custos. Mas ignorar as regras que diferenciam a prestação de serviços de um vínculo empregatício pode levar a problemas sérios, incluindo ações judiciais, multas e danos à reputação da empresa.

O reconhecimento dessa relação pode ocorrer caso o profissional atue com pessoalidade, subordinação, habitualidade e onerosidade.

Isso significa que, se o prestador de serviço seguir ordens diretas, trabalhar em horários fixos, não puder delegar suas funções e depender exclusivamente da remuneração oferecida pela empresa, há um grande risco de que a Justiça do Trabalho entenda que há uma relação de emprego disfarçada.

Esse cenário pode resultar em pesadas penalidades financeiras para a empresa, além da obrigação de arcar com encargos trabalhistas retroativos.

Para evitar esses riscos, a adoção de boas práticas é indispensável. Um contrato de prestação de serviços detalhado e bem elaborado é o primeiro passo para estabelecer uma relação comercial legítima e segura.

Esse documento deve especificar a natureza da atividade, as condições de pagamento, a duração do serviço e garantir a autonomia do profissional.

Além disso, é recomendável que o prestador de serviço tenha liberdade para definir seus horários e possa atender a outros clientes, evitando a caracterização de exclusividade, um dos indícios de vínculo empregatício.

Outro aspecto importante para evitar problemas jurídicos é a condução da relação profissional no dia a dia.

Empresas que contratam PJs devem evitar práticas que possam ser interpretadas como benefícios típicos de um funcionário CLT, como pagamento de plano de saúde, vale-transporte ou participação nos lucros.

Esses benefícios, comuns para empregados formais, são incompatíveis com a natureza autônoma da contratação PJ e podem servir como evidência de um vínculo empregatício em uma eventual ação trabalhista.

O suporte de um advogado trabalhista empresarial também se torna um diferencial importante na gestão desses contratos. Contar com assessoria especializada ajuda a garantir que a empresa esteja dentro da legalidade e reduz as chances de problemas futuros.

Vale lembrar que a Justiça do Trabalho tem se mostrado cada vez mais rigorosa em casos de fraude na relação empregatícia, o que reforça a importância de um planejamento sólido antes da contratação de um profissional nessa modalidade.

No fim das contas, o sucesso na contratação de PJs está na clareza e na conformidade legal.

Empresas que adotam essa modalidade de contratação sem planejamento podem enfrentar prejuízos financeiros e danos à sua imagem no mercado. Já aquelas que tomam as precauções necessárias conseguem aproveitar os benefícios do modelo PJ sem comprometer sua segurança jurídica.

Quem somos

O escritório Pardini Advogados oferece serviços de Assessoria Jurídica para empresas com atendimento personalizado, funcionando como um suporte confiável para questões jurídicas. Somos especialistas em Direito do Trabalho Empresarial, Direito Civil Empresarial; Direito do Consumidor para empresas e LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais).

Temos a missão de buscar e promover soluções jurídicas pautadas na ética, no respeito e confiança, nossa atuação se norteia, constantemente, pelos princípios do bem.

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